Mestre das Ilusões: os foto ensaios de Vik Muniz
Você precisa treinar seus olhos. O que você está vendo não é o que parece, mas é exatamente o que você está vendo. Confuso? Conheça a arte do fotógrafo brasileiro Vik Muniz. Nascido em São Paulo mas residindo e trabalhando em Nova York, Vik ficou famoso e conquistou o mundo da arte com seu projeto Sugar Child. Como foi feito? Em uma plantação de açúcar, Muniz fotografou os filhos dos operários, e usando papel escuro e diferentes tipos de açúcar, reproduziu as imagens previamente fotografadas e as fotografou novamente. Pura meta-linguagem recursiva…
Mas nada é inusitado o suficiente para Muniz, que possui no seu repertório obras semelhantes feitas com geléia, manteiga de amendoim, arame, fios, poeira, papel, calda de chocolate e até macarrão com molho. O limite da criatividade de Vik é inexistente: tudo vira obra de arte e mais importante que isso, tudo conta uma história sobre o objeto da fotografia original e o material utilizado.
O reconhecimento, segundo o artista, levou 17 anos para acontecer da noite para o dia. Parece paradoxal, mas não é. A base construída propiciou que ele se tornasse o “queridinho” da arte contemporânea, e lhe rendesse não só inúmeras exposições, mas seu trabalho exposto em catálogos famosos e a honra de ser convidado a organizar uma exposição no mais influente museu de arte moderna do mundo, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA): ele foi o curador da nona versão da Artist’s Choice (Escolha do Artista), que ocorreu entre 2008 e 2009. Em janeiro de 2010, o documentário “Lixo Extraordinário” sobre seu trabalho com catadores de lixo em Duque de Caxias foi premiado no Festival de Sundance. No Festival de Berlim, também em 2010, foi premiado em duas categorias, o da Anistia Internacional e o de público na mostra Panorama.
A expressão “Thinking outside of the box” (pensar fora da caixa) é pouco para definir Vik Muniz. Com um trabalho diferente, criativo e multi-significante, ele não apenas usa elementos diferentes para montar suas obras, mas faz um trabalho de imersão nesse materiais e conta uma história com eles. Assim, suas fotos não são fotos, são estudos sobre materiais que se revertem em montagens que se revertem em fotos. Não é a toa que Vik Muniz está merecidamente espalhado em galerias e coleções particulares no mundo todo.
Portfólio: vikmuniz.net
Portfólio: vikmuniz.net
This entry was posted on 06/07/2010 at 7:53 AM and is filed under FOTO ENSAIOS with tags Adriana Almeida, Anistia Internacional, catadores de lixo, catálogos, coleção particular, confusão, contemporânea, criativo, curador, dica, diferente, documentário, Duque de Caxias, espaço imoral, estudo de materiais, exposições, Festival de Berlim, Festival de Sundance, foto, fotografia, galerias, geral, história, ilusão, imagem, imersão, inusitado, Lixo extraordinário, materiais estranhos, meta-linguagem, MoMa, montagem, mostra Panorama, mundo, mundo da arte, Museu de Arte Moderna de Nova York, Nova York, novidade, obras, paradoxal, público, pensar fora da caixa, portfolio, reconhecimento, repertório, São Paulo, significante, sucesso, Sugar Child, Vik Muniz. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
05/06/2012 às 9:10 PM
Afinal de contas, qual é o suporte do artista? É a base onde ele monta suas obras ou a fotografia?
A série figuras de chocolate e a série feitas de açúcar foram feitas com qual ferramenta? Pincel? Bisnaga? As mãos?
07/07/2010 às 1:06 PM
Muito interessante
porém acredito que beleza deve ser muito maior ao se ver ao-vivo
07/07/2010 às 1:12 PM
Antes de mais nada, obrigada pela visita e pelo comentário. 🙂
Concordo plenamente. Com toda certeza algo se perde, assim como a maioria das obras de arte, mesmo no caso cujo objeto final é uma fotografia (que é o caso do trabalho do Vik Muniz). Há uma série de detalhes que se perdem no digital. Até na arte digital mesmo acontece isso, já que o monitor da grande maioria dos computadores só chega até um certo nível de detalhamento e dimensão, enquanto muitas vezes a obra a olho nú teria muito mais detalhes e seria bem maior. 🙂
Eu teria muita curiosidade de ver o processo de criação dele no passo a passo, a fotografia original, a imagem montada antes de ser fotografada, e a fotografia final… deve ser ainda mais interessante do que já é pelas imagens acima! 🙂
07/07/2010 às 5:10 PM
com certeza você está coberto(a) de razão, no mínimo algo impressionante de se ver…. rsrs
abrx fortes!
06/07/2010 às 2:18 PM
Belíssimo artigo. Vik Muniz realmente é um dos maiores artistas contemporâneos! Adorei o trabalho dele!
06/07/2010 às 2:22 PM
Olá Renata,
obrigada pelo comentário e pela visita.
Eu fiquei realmente boquiaberta com o tamanho da criatividade do Vik Muniz: nesse post, selecionei apenas algumas de suas séries de estudos sobre materiais, mas são diversos, e cada um deles repleto de obras riquíssimas. Ele é realmente impressionante e um marco no mundo artístico! :_)
06/07/2010 às 12:01 PM
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