Temporal: o sagrado e o profano de Stephan Doitschinoff (Calma)
Apesar do nome complicado que vem de sua ascendência búlgara, Stephan Doitschinoff é um brasileiro nascido em São Paulo, 1977, que atende pela alcunha de Calma, uma corruptela de COM ALMA em latim. Autoditada, Calma tem o sincretismo religioso como fonte inesgotável de inspiração: filho de um pastor evangélico, neto e bisneto de espíritas, com passagem por terreiros de umbanda e grupos Hare Khrishna e estudos da filosofia do zen budismo e do taoísmo, sua arte é a junção dos simbolismos de todas essas religiões, e outras mais.
Em sua trajetória houveram exposições individuais em Londres, Nova York e São Paulo. O ganhador do segundo lugar no prêmio Jabuti de ilustração, pelo livro “Palavra Cigana”, nos anos 90, e antes de trabalhar com murais e telas, fazia cenários de shows de bandas punk e capas de discos, incluindo a capa do álbum “Dante XXI” do Sepultura em 2006.
Em 2005, Calma que sempre morou em grandes centros, no Brasil e fora dele, resolveu se isolar em um estúdio no meio do mato, em uma cidade do interior da Bahia, Lençóis. De lá ele envia suas obras para São Paulo, onde são rapidamente vendidas. Com a intenção de se aprofundar no folclore e na arte popular, em suas visitas a casa em busca de santuários e oratórios para estudar, iniciou um projeto paralelo grandioso e espetacular: pintar uma cidade inteira. Depois das primeiras casas pintadas, os próprios moradores procuravam por Calma solicitando que suas casas também fossem pintadas com sua arte excepcional, que juntando o sagrado e o profano e suas visões de , mostra a trajetória das crenças religiosas em um país tomado pelo sincretismo, os mitos e as lendas…
Calma deixou Lençóis (BA) em 2008 deixando para trás uma impressionante instalação urbana feita através de sua intervenção na cidade com a colaboração de todos os moradores. Desde então já participou de várias mostras (destaque para a mostra De Dentro para Fora/ De Fora para Dentro no Museu de Arte de São Paulo) e recebeu vários prêmios como o Artista Revelação de 2009 da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o prêmio Interações Estéticas: Residências Artísticas em Pontos de Cultura vindo da Fundação Nacional das Artes e do Ministério da Cultura. No momento Calma segue com seu trabalho que incita uma reflexão sobre a relação de nossa herança cultural com o contemporâneo.
Portfólio: myspace.com/stephan_doitschinoff
- Arte de Calma 01
- Arte de Calma 02
- Arte de Calma 03
- Arte de Calma 04
- Arte de Calma 05
- Arte de Calma 06
- Arte de Calma 07
- Arte de Calma 08
Assistam ao documentário Temporal: a arte de Stephan Doitschinoff
Portfólio: myspace.
com/stephan_doitschinoff
28/06/2010 às 11:20 AM
Com este nome exuberantemente extrambólico, Calma ficou ótimo.
Onde à mistura à conhecimento; diferença de cultura e resultou em talento para retratar culturas religiosas completamente diferentes, mas um pouco até, ele retrata estas culturas com um respeito que só tem quem às viveu bem de perto ou pesquisou minuciosamente. Talvez por isso venda suas obras tão rápido.
Notei também que ele se parece muito com o artista que lhe indiquei por e-mail Bronx, em termos de trabalho, ou seja, a forma como trabalhou no popular em comunidade.
Este tipo de arte faz com que de certa forma se crie o conhecimento ou curiosidade por outras crenças.
Bjinhos!!!!
28/06/2010 às 11:31 AM
O mais curioso Dani, é que é um… em inglês tem uma expressão melhor pra dizer : nonbeliever . Em português seria não crente, mas não passaria a exata realidade. Ele foi criado no meio dessa mistura de religiões mas não acredita nelas. Só que não menospreza elas também, que normalmente o termo não crente passaria a idéia. Ele as abraça como parte do imaginário popular, que definem uma cultura, que traçam as diretrizes de um povo e portanto, o explicam. Nós somos essa mistura de crenças mesmo quando achamos que temos uma crença X e não Y. As superstições brasileiras tentando viver em harmonia com sistemas de crença religiosa e com a cultura de massa (Hoje em dias as pessoas podem não ter comida, acesso a livros ou outras formas de cultura, mas é raro não ter acesso a televisão) e tudo isso forma uma amalgáma de pontos de vista e perspectivas, e monta sistemas de crença que são únicos, e definidoras de um povo.
E o próprio respeito que ele tinha aos moradores de Lençóis num sistema de mútua ajuda, é a prova disso e o maior mérito do trabalho de Calma.
29/06/2010 às 10:25 AM
Falou e disse!
É a toda boa mesmo!!
28/06/2010 às 12:15 AM
[…] o que está rolando por outras paragens minhas é: # Temporal: o sagrado e o profano de Stephan Doitschinoff (Calma) no Espaço Imoral (blog de arte), post meu em […]